Poesias


Abaixo estão alguns dos poemas que escrevi. Peço encarecidamente para que deem os devidos créditos se os utilizarem e fiquem à vontade para comentar.


SERES
      Ana Carolina Arruda


Flor que brota
Brilho nos olhos
Surpresa na Alma
Toque que acalma

Em novembro, Jabuticaba
Ipê Amarelo caído na estrada

Em dezembro flores vermelhas acariciam o chão
Silhuetas de galhos e cores  pintam as águas
É tempo de flamboyant!

Em janeiro tem manga no pé e amarelo nos lábios
Bambus dançam o ano todo
Canções de seus galhos sábios

Paineiras vem em fevereiro
Majestosas, ao longe se exibem por inteiro
E em espécie de cortesia e sabedoria dão lugar aos Guapuruvus
Que não hesitam em exibir seus cachos
 loiros,
brilhantes,
nus

Agora vejo quaresmeiras
Dividem o céu com aves belas e faceiras
Se escondem na infância eterna de suas flores roxas
E vão-se embora entre asas, vento e trouxas

São aves que revoam semeando vida
Anjos que permitem que este ciclo se repita



POETA
      Ana Carolina Arruda

Ser poeta é tocar corações jamais vistos
É acariciar almas sedentas de acalentos
É entregar palavras eternamente aos quatro ventos e sorrir
Sim, sorrir porque frases voam andarilhas nos tempos
E fingindo-se perdidas vão certeiras emprestando-se aos sujeitos

Vai-te poesia!
E liberte-se nos ventos sorridentes deste dia
Verei que chegarás como beija-flor em néctares sutis que te receberão como mais que visita bem-vinda...
 esperada

Vai-te poesia e jamais retorne a mim porque não mais te tenho
Nunca te tive
Apenas te recebi em meu corpo, te esculpi em meus dedos e te soprei em meus lábios
És agora semente fecunda nas almas



TRAGÉDIA GREGA
                  Ana Carolina Arruda


Fumaça que dança envolvida no ar
Belezas de formas
Contornos, desenhos a interpretar
Fumaça colore o vento
e desloca ao fundo, suaves momentos


Calor que anima o sopro do mundo
Aquece e aninha o ser num segundo
Fumaça dá vida pro ar e tira a vida de quem resolve, fumar...
Fumaça tão cheia de vida

Te leva pra morte


ENQUANTO VOCÊ DORMIA
                           Ana Carolina Arruda


Enquanto você dormia
Meu mundo entornou-se em poesia
Palavras jorraram tardias
Mas não muito menos sadias

Enquanto você dormia
Mulheres e homens morriam
Bebês prometidos nasciam
Sorriam amantes contentes 
O riso dos inocentes 

Minha imaginação fluía
Almas desapareciam
Pássaros o céu coloriam
Frutas do pé caíam

Enfim, o mundo acontecia
Tudo enquanto você dormia



MÃOS GENEROSAS
                           Ana Carolina Arruda


Preciso de mãos generosas
Mãos que seguram e que criam a si mesmas
Mãos que em meio à multidão
Saibam escolher a beleza e a leveza da flor

Mãos que desenham
Mãos que rabiscam
Mãos que acolhem
Mãos que limitam

Estas mãos desempenham tantas funções
Detém tantas missões
Falam sozinhas
Fazem sozinhas
Dão seu recado

Mãos são na realidade
Verdadeiras mães



PALAVRAS
             Ana Carolina Arruda

Eu gosto de brincar com palavras
Mas nem todos entendem
Que palavras pulam
Como crianças na mente da poeta

Palavra trocada em frase repetida
É frase trocada
Sentido mudado
Palavra brincada

A língua só é presa para quem não fala
De resto, todas as palavras soltam a língua de quem não cala
Pula daqui
Troca dali
Volta acolá
Palavras bem combinadas
São como crianças com infâncias bem brincadas



DESEJOS
             Ana Carolina Arruda 

Quisera eu sentir todos aqueles hormônios sintetizando
Neurotransmissores conectando
A vida então se transformando

Quisera eu ouvir as máquinas dos órgãos funcionando
Os alimentos derretendo como azeite na panela
Tsssssss
Nutrientes entrando pelo sangue
Circulando a toa
Passeando nas artérias

Pudera eu dar a volta dentro de meu corpo-mundo
Quisera eu ir à paraíso tão profundo
Pegaria carona com as hemácias
Desceria no ponto do Cérebus
E lá pararia a contemplar as engenhocas do córtex

Ficaria lá, quase sem vontade de voltar
E se alguém me dissesse: sua vez de reencarnar
Só voltaria se fosse em lágrimas
Mareada em tamanha majestade
Emocionada com tremenda perfeição que habita em mim
Não desejaria ir-me a lugar algum...



ORQUÍDEAS
                     Ana Carolina Arruda

É chegada a hora 
lá se vai a vida da orquidea
observo sua pele enrugada e por entre suas pétalas muchas investigo seus encantos
Intacta beleza que agora se esconde no abraço de pétalas introspectivas
Para sua morte a bela orquidea guarda-se para si e não mais me oferece seu sorriso alegre e misterioso
Mas sei que ri

Do outro lado, outras ainda sorridentes já esboçam o momento da partida
há ainda as mais jovens, paridas após a chegada à casa
Sorriem inocentemente

Mescladas em seus ciclos distintos
Indistinguem-se em sua sina de embelezar, florir e partir
Se vão, despedindo-se de seu galho firme e vivo
Solitário e tranquilo aguarda a oportunidade em hastear novas beldades


FLORES
             Ana Carolina Arruda

Tenho para mim que as flores sinalizam feminilidade escancarada
Mostram-se belas, coloridas, perfeitas, perfumadas
Cada qual com sua artimanha para a captura dos mais variados beijoqueiros
Ah, as flores!
Naturalmente lindas e lindamente sedutoras
Generosas, emprestam suas formas e conteúdos exigindo apenas leves carícias
Flores são sortudas e poem sorte à natureza

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